SONHO OU PESADELO?

Temos dedicado parte da nossa luta de repórter ao combate à corrupção. Essa prática continua cada vez mais comum em todos os poderes públicos, em especial. Agora as instituições policiais e militares aparecem em destaque quando vários dos seus agentes (inclusive delegados) se envolvem nesses crimes, colocando a sociedade mais desconfiada e insegura. Mas, deixa isso prá lá.

Hoje queremos comentar o sonho (ou pesadelo) de um amigo, segundo a sua versão:

- Sonhei que fui convidado a conversar com um senador que gostaria de me ajudar se eu topasse obedecer as suas orientações e aprovasse o projeto que ele tinha em planos para executá-lo urgentemente. Eu seria – continua a narração do sonhador – um famoso “testa de ferro”, na colocação dele o seu representante em vários empreendimentos como shopping s e outros imóveis em fase de aquisição em várias capitais do país. Influenciaria nas decisões de governos e prefeituras maranhenses, teria à minha disposição, helicópteros, automóveis, passagens de aviões (não ficou claro se eram dos aviões da FAB), enfim, tudo que precisasse para sair de uma vida modesta e honrada e ingressar no mundo dos bacanas milionários. Simples assim!

Em meio às propostas, a dúvida de aceitá-las ou não, o sonhador lembrou-se de um detalhe importante e questionou: como seria a minha vida de rico, assim de repente, se na condição de um modesto assalariado, não consigo me livrar das garras do leão do imposto de renda? Como ostentar uma riqueza repentina se eu não ganhei na loteria acumulada nem assaltei bancos? De que maneira (aí o sonho virou pesadelo) eu explicaria isso aos meus filhos, à minha mulher e aos meus amigos que até hoje me consideram um cidadão de bem, alheio a conchavos, aos malfeitos que desonram e colocam na lata do lixo os princípios éticos e morais que defendo rigorosamente?

- Nesse momento acordei – disse sorrindo, acrescentando – nem em sonho conseguir viver no “maravilhoso mundo dos ricos.” E confessou: olha meu amigo eu quase topei a parada, cedendo aos fortes e convincentes argumentos do senador que sem se fazer de rogado, queria porque queria (não sei a razão) me transformar em um milionário, assim como já fez, segundo suas próprias palavras, com vários amigos dele no Brasil afora. E olha que nem amigo dele eu me considero...

Na realidade o sonho sonhado pelo meu amigo acontece, mas sempre o dono do dinheiro sujo leva a pior ao escolher como parceiros “amigos” mais inescrupulosos, sabidos e gananciosos do que eles. A prática da corrupção no Brasil é tão forte que leva as pessoas a se envolverem com ela até em sonhos.

É ASSIM...
O amigo sonhador disse que enquanto sonhava e era perseguido pela dúvida de ser ou não ser um milionário, chegou a sentir-se superior, muito importante e capaz de desconhecer os amigos que dividem com ele, no dia a dia as dificuldades de um trabalhador honesto. Ainda bem que ele acordou antes de ser moralmente prostituido, de desconhecer os companheiros, de esquecer os favores, as parcerias e se tornar um sujeito ingrato, prepotente e desonesto. Ainda bem!...

DENÚNCIA POR IMPROBIDADE
O MP-MA está requerendo a devolução de R$ 1,89 milhão desviados do Fundo Municipal de Saúde de Miranda do Norte. O promotor requer, ainda, que o prefeito, secretária de saúde e coordenador do Fundo Municipal sejam responsabilizados pelo desvio. A 1ª Promotoria da Comarca de Itapecuru-Mirim ajuizou, por Atos de Improbidade Administrativa contra o prefeito, a secretária de saúde e o coordenador do Fundo Municipal de Saúde de Miranda do Norte (a 138 km de São Luís), respectivamente, José Lourenço Bonfim Júnior, Celina Linhares de Amorim e Carlos Eduardo Fonseca Belfort.

O objetivo é o ressarcimento de R$ 1,89 milhão aos cofres públicos, desviados pelos três gestores municipais, por meio de registros irregulares de procedimentos. O valor refere-se a recursos repassados pelo Ministério da Saúde para tratamento oftalmológico, especialmente glaucoma.

O promotor de justiça Benedito de Jesus Nascimento Neto (Coroba), que responde temporariamente pela 1ª Promotoria da Comarca de Itapecuru-Mirim, apurou que, mesmo atendendo somente as sextas, totalizando carga horária semanal de oito horas, o Hospital Municipal Pedro Vera Cruz Bezerra - único estabelecimento autorizado para realizar atendimento oftalmológico no município - figura no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) como hospital que presta atendimento durante 24 horas. Nunca houve comprovação do cumprimento dessa carga horária junto ao Ministério da Saúde.

Outra irregularidade constatada pelo Ministério Público do Maranhão (MPMA) é a incompatibilidade da carga horária registrada no CNES com a ocorrência de glaucoma e com a população de Miranda do Norte (24.427 habitantes, segundo o IBGE). “Os procedimentos e atendimentos oftalmológicos de glaucoma para os quais foram destinados os recursos, nunca foram realizados”, acentua o promotor na ação.

Segundo vistoria feita pelo Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus) na documentação do hospital, foi comprovado que a secretaria de Saúde do município “validou, processou e autorizou pagamentos com graves erros, que contrariam a legislação, causando prejuízo para o erário, que pagou por procedimentos não realizados”.

“A quantia desviada do erário público, representa o descaso com a saúde pública local, considerando que pouquíssimos pacientes acometidos de glaucoma foram atendidos, situação que revela à insensibilidade, a irresponsabilidade, a desonestidade com o patrimônio público e as pessoas destinatárias do atendimento médico”, destaca o promotor na ação.

Na Ação, o representante do MPMA pede que os três sejam condenados à suspensão de seus direitos políticos por oito anos e ao ressarcimento de R$ 1.892.228,25 ao Fundo Municipal de Saúde (FMS). De acordo com o pedido do MPMA, deste valor o prefeito e a secretária de Saúde devem igualmente ressarcir R$ 756.891,30, enquanto o coordenador do FMS deve devolver aos cofres públicos o valor de R$ 378.445,65.

Outra sanção requerida pelo MPMA é que os três gestores sejam condenados ao pagamento de multas que totalizam R$ 7,65 milhões. (CCOM – MPMA)
LUTO NO RÁDIO MARANHENSE
Faleceu na madrugada da última sexta-feira (19) o radialista José Marinho Rayol Filho, mais conhecido como Rayol Filho. Vítima de uma parada cardíaca, Rayol tinha 69 anos de idade e foi locutor por vários anos na Difusora AM 680 e noticiarista na fase embrionária da TV Difusora. Pêsames da coluna à família de Rayol e a nossa solidariedade neste momento de dor e de saudades.

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