Quilombolas de várias comunidades rurais de Cururupu se encontraram neste fim de semana em mais uma tradicional ‘Festa do carro de boi’, atividade festiva promovida pelo Instituto Negro Cosme e Associação da comunidade Rio das Pedras, entidades da sociedade civil daquele município.
A festa envolveu famílias das comunidades que usam o seu carro com a parelha de dois bois para o trabalho diário e também para transportar os produtos da agricultura familiar para vender na feira da cidade. Uma vez por ano reúnem-se para o festejo que movimenta a cidade.
A festa tem o seu ponto de partida com a missa celebrada na Igreja de São Benedito no sábado à noite, onde familiares, moradores e turistas participam da celebração com cantos e coreografia afros. Após a celebração, segue na praça da igreja o festejo com reggae e tendas com venda de comidas e bebidas.
Na manhã de domingo os carreiros, como são chamados os condutores dos carros de boi, reúnem-se em dois locais para iniciar o cortejo pelas ruas da cidade. Este ano, mais de 100 caros de bois participaram do evento.
Mais do que instrumento de trabalho e transporte, para os quilombolas de Cururupu os carros de bois fazem parte de uma forte tradição. Assim, o quilombola Francisco Sales Serra, morador da comunidade Cedro, contou sua relação com os animais: “Desde minha mocidade uso o carro de boi pra trabalhar e vender os produtos da roça. Não aprendi leitura nem escrever, só roçar e trabalhar; só quando eu morrer eu deixo o carro de boi”.
Para Gerson Pinheiro, secretário de igualdade racial, a festa é uma manifestação cultural dos quilombolas que precisa ser mantida e apoiada. “Os carros de boi são parte da história do povo negro do Maranhão e mais do que instrumentos de trabalho, são uma tradição que deve ser festejada e incentivada para que se preserve as memórias do povo quilombola dessa região”, comentou.
“Estamos aqui inclusive com a secretária Laurinda para demonstrar que o governo do Estado respeita essas manifestações e tem a responsabilidade também de preservá-las”, frisou Pinheiro.
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