Cerca de duzentas pessoas permaneciam nas dependências do Palácio dos
Leões até o meio dia de sexta-feira, quando fechei a coluna. A maioria delas
era composta por “sem terra” que desde o início da batalha contra os Sarney
para permanecer no Governo, apoiou Lago. Na Assembléia Legislativa a maioria solidária
a Roseana era formada por políticos e integrantes da chamada elite ou notáveis
do nosso pobre estado.
Faixas, outdoor, carros de
som, dezenas de ônibus lotados de populares que marcaram a volta de Roseana
Sarney ao poder, demonstram que, antecipadamente, ela já sabia do desfecho do
processo que culminou com a cassação do mandato de Jackson, pelos ministros do
Tribunal Superior Eleitoral. O secretariado, também, já estava formado há dias
o que reafirma a informação de que a cassação do governador era uma questão
(apenas) de tempo. Tudo já estava acertado e definido.
Essa realidade leva a todos à convicção de que os processos que ela
responde na Justiça serão, por mais grave que sejam as acusações, arquivados ou
rejeitados. Pelo menos essa é a certeza que passam à opinião pública, direta ou
indiretamente, considerando a força do presidente do Sanado, exercida sobre os
poderes da República. Analisando essa situação friamente, conclui-se que a
população brasileira, querendo ou não, é obrigada a rezar pela cartilha do
cacique maranhense.
Na semana passada o deputado e líder da bancada governista na Assembléia
Legislativa, Edvaldo Holanda, admitiu publicamente que pelo menos 12 deputados
da base aliada de Lago, passariam a apoiar Roseana a partir do momento que ela
assumisse o Governo do Estado. Mas diante dos últimos acontecimentos,
entendemos que esse número será elevado para 14 ou 15, se ela (Roseana) quiser.
Isso demonstra a fragilidade da liderança do ex-governador sobre os
políticos que escolheu e beneficiou durante o curto mandato de chefe do
executivo estadual. Manteve viva a premissa de que os políticos, em grande
parte, se elegem com os amigos e governa com os inimigos. Os amigos leais de
Jackson e que permanecerão ao lado dele são poucos. E ele sabe disso. Sabe,
também, que vários daqueles que lhe renderam homenagens até ontem, hoje
desfraldam a bandeira de Roseana. É o interesse pessoal se sobrepondo à
dignidade.
O líder pedetista Jackson Lago, como disse acima, até sexta-feira declarou
que permaneceria no Palácio dos Leões até o julgamento dos recursos interpostos
no Supremo Tribunal Federal. Com certeza ele pretende, com essa atitude, chamar
a atenção das autoridades brasileiras para o fato ocorrido e denunciar aquilo
que ele considera usurpação, autoritarismo e injustiça.
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