Lei Maria da Penha completa seis anos e Varas da Mulher mostram avanços

A Lei Federal 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, está completando seis anos nesta terça-feira (7). A Lei, que surgiu da luta da professora Maria da Penha, é, nos dias de hoje, o principal instrumento da mulher que sofre violência no ambiente doméstico e familiar. No Maranhão, são duas as Varas especializadas no combate à violência doméstica e familiar contra a mulher: uma em São Luis e outra em Imperatriz. O Estado é o 13º no ranking de denúncias de violência contra a mulher no país.
Criada em 2006 e instalada em 2008, a Vara Especial da Mulher de São Luís tem carro exclusivo e conta com equipe multidisciplinar com profissionais das áreas psicossocial, jurídica e de saúde. Tramitam atualmente na Vara 2.251 processos. “O trabalho realizado aqui vai além do simples julgamento de processos. Existe a preocupação com o psicológico, não apenas da mulher que sofre a violência, mas também em relação ao autor da violência doméstica”, ressalta o juiz Nélson Melo Moraes Rego (foto), titular da unidade judicial.
O Atendimento Direto e Humanizado para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica e Intrafamiliar; o Grupo Reflexivo de Reeducação e Reabilitação para Autores de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e o Programa Regular de Palestras Sobre a Violência Doméstica são projetos em destaque desenvolvidos pela Vara. Graças a essas iniciativas, o juiz concorreu ao Prêmio Innovare 2009, que tem o caráter de reconhecer as boas práticas do Judiciário.
Um dos trabalhos de maior destaque da Vara foi a divulgação do perfil de vítimas e agressores. Nesse perfil, constatou-se que 24% das vítimas estão inseridas na faixa etária de 21 a 35 anos. 61% são solteiras e 58% têm filhos. Em 22% dos casos, a violência está relacionada ao inconformismo do marido, companheiro ou namorado com o término do relacionamento. Liberdade, Anjo da Guarda, Vila Embratel, São Francisco e Turu são bairros da capital maranhense onde a violência contra a mulher atinge a 10% de incidência.
Nessa vertente, a Vara desenvolve o Grupo Reflexivo Para Autores de Violência Contra a Mulher, que já formou diversas turmas. No grupo, cujos encontros perduram alguns meses, os homens participam de palestras, dinâmicas de grupo, exibição de vídeos, tudo voltado para que a agressão não mais volte a ocorrer. “Esse nosso trabalho, além de concorrer ao Prêmio Innovare da Justiça Brasileira, serviu de referência para vários tribunais do país. Recebemos diversos colegas de outros estados que vieram conhecer essa prática”, ressalta Nélson Moraes Rego.
Já a Vara da Mulher em Imperatriz foi a primeira especializada no combate à violência contra a mulher do Maranhão e uma das primeiras do Brasil. A unidade foi instalada em agosto de 2007 e funciona anexa ao Fórum Ministro Henrique de La Roque. Por lá tramitam 548 processos.
O Núcleo de Atenção à Violência contra a Mulher; a Vara Itinerante da Mulher; ciclo de palestras; atendimento terapêutico a casais em situação de violência doméstica no contexto judicial são projetos em evidência.
A juíza Sara Fernanda Gama relembra pesquisa elaborada sobre o perfil sócio-econômico e cultural da vítima e do autor de violência doméstica atendidos pela Vara, de agosto de 2007 a dezembro de 2008, e o quanto isso ajuda “a equipe multidisciplinar na hora de atender uma vitima de violência doméstica”.
Semana passada a vara recebeu a visita de Bruno Alberto Guimarães, consultor da edição do Prêmio Innovare 2012. Ele foi até a Vara para verificar e acompanhar as ações do projeto “Justiça Social: Além dos Limites Processuais”, que concorre ao prêmio na categoria ‘Juiz’.
A magistrada e a equipe multidisciplinar da Vara apresentaram as atividades realizadas pelo projeto. “A gente pode destacar o impacto social na realidade das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar beneficiadas pelas ações do projeto, bem como a sensibilização da sociedade civil e do poder público para a adesão ao projeto, que se sustenta por meio de doações provenientes de parcerias”, observou Sara Gama.
O combate à violência doméstica e familiar contra a mulher ganhou mais um aliado no estado: a Coordenadoria da Mulher, instituída este ano pela presidência do Tribunal de Justiça do Maranhão e composta pelos juízes Nélson Moraes Rego, Sara Fernanda Gama e Mirella Cezar Freitas. A Coordenadoria é presidida pela desembargadora Nelma Sarney.
“É um grande avanço da justiça brasileira. Podemos afirmar que a Lei Maria da Penha trouxe à mulher em risco de violência doméstica e familiar mais segurança. Hoje ela sabe que pode contar com esse instrumento. A partir daí, voltamos o trabalho não apenas para a posterior condenação de um autor desse tipo de violência, mas também de recuperação desse homem para que ele não volte a cometer delitos dessa espécie e, naturalmente, um auxílio psicológico à vítima”, finaliza Nélson Melo Moraes Rego.

Assessoria de Comunicação CGJ

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