Muita gente declara-se cansada e decidida a parar de lutar
contra a corrupção. Contra esse câncer que aflige as nações mundo afora
deixando os povos indignados, com a certeza de que tão revoltante é a corrupção
quanto à impunidade que privilegia essa “categoria”. Tem gente mudando de
opinião: em vez de continuar combatendo essa peste, quer participar do crime
que avança no Brasil com toda força, envolvendo empresários, prefeitos, ministros,
governadores e quem mais você imaginar.
Qualquer dia desses, caro leitor, você vai ler nos jornais
anúncios como este: “precisa-se de corrupto, com experiência no setor público e
na área empresarial, garante-se a impunidade e o salário compatível com o
desempenho da função”.
A “volta por cima” do núcleo político dos mensaleiros é um
estímulo àqueles que esperam uma chance de ingressar na corrupção, mas que não
tiveram, até hoje, oportunidade de “mostrar o seu valor”, assim como Carlinhos
Cachoeira, Zé Dirceu, José Genoino e outros “zes” que enriqueceram de forma
duvidosa, usando o prestígio e a influência política e de poder. Os exemplos
são muitos.
A aceitação, por parte do Supremo Tribunal Federal, em
rediscutir por meio dos embargos infringentes as condenações impostas aos réus
do mensalão (núcleo político) mostrou que nem “todos são iguais perante a lei”,
já que os demais integrantes do grupo que promoveu o maior escândalo de
corrupção no país, não teriam seus processos e suas penas reexaminadas. Como
diz o jargão, estaria a corte superior usando de “dois pesos e duas
medidas”?
Sim, os políticos foram condenados, mas obtiveram, a favor
deles, claro, pelo menos quatro votos. Essa é a questão. Então tá!
Processo da governadora
Aliados da governadora Roseana Sarney comemoraram a decisão
do Tribunal Superior Eleitoral, que transfere aos tribunais regionais, a
responsabilidade de julgarem processos sobre abuso de poder político e
econômico. Pensam, naturalmente, que, aqui, ela ganharia a questão com
facilidade, caso houvesse tempo de o TRE colocar o processo em pauta.
Significa, então, que Roseana e mais dez governadores, que
respondem a processos desse tipo, ficariam livres para cumprir seus mandatos
até o fim conforme acreditam até os deputados oposicionistas e que até então
diziam que a cassação dela era uma questão de dias, até dezembro, no máximo.
“A mudança será feita pelo povo, através do voto” – disse o
deputado Marcelo Tavares (PSB), numa clara confissão de que não acredita mais
na possibilidade de um julgamento por parte da Justiça Eleitoral de lá ou de
cá, embora o ministro – relator Henrique Neves, ainda entenda que cabe ao TSE
analisar os processos que tramitam na Justiça, contra os governadores.
Como se pode observar, as manifestações, tanto de um lado
como do outro, são eivadas de contradições e de insegurança.
A cidade sitiada
São Luís não foge à regra das demais capitais brasileiras. A
explosão desordenada das áreas periféricas, onde na maioria das vezes impera a
lei de quem mais tem e mais pode, e onde a presença do poder público é algo
apenas imaginável, é apenas um dos muitos fatores geradores da violência
urbana.
Entretanto como elemento preponderante desta escalada da
violência está a incompetência dos governos responsáveis pelas políticas
públicas de responsabilidade do governo estadual e governo municipal.
Associam-se às duas esferas governamentais, porque o descaso de um, gera o mal
feito do outro, ou “o por fazer do outro”. Um exemplo disto seria, se a Prefeitura
nega a iluminação pública, e as ruas são quase intransitáveis, fica difícil
fazer segurança. E esta não acontece por diversos fatores, os quais podem
ser resumidos em um só: a falta de uma
política de segurança pública.
Assim, como vemos, uma coisa puxa a outra. Se um faz, o
outro desmancha. Se um começa o outro não termina. E assim caminha,
desgovernada, a massa são-luisense.
Nos últimos meses, o número de homicídios vem batendo
recordes. Morrem em média três, quatro por dia, enquanto outros tantos ficam
jurados para o dia seguinte. Tem sido assim. No último final de semana foram
mais de 15 homicídios. Cada um mais brutal que outro. Nesta guerra tombam
homens de bens, gente inocente e também os que se envolvem com o submundo do
crime e com as drogas. As estatísticas são estarrecedoras. Em sua maioria, os
mortos desta guerra são jovens entre 15 e 25 anos.
A sociedade clama pelo fim da violência. Urge que as
autoridades façam alguma coisa em conjunto. Urge que os poderes constituídos
dispam-se de suas arrogâncias e ouçam os gritos das ruas. Uma nova legislação
se faz mais que necessária. É preciso
que cada um faça sua parte. É necessário que os poderes constituídos se irmanem
num só objetivo, mas que da mesma forma, pais e filhos repensem suas criações.
Estabelecer limites já é um bom começo, pra não se antecipar um fim.
(Por João Batista Azevedo)
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