A inverdade não se sobrepõe à História

JOÃO CASTELO*Extraído do Jornal Pequeno (23/08/16)

Em recente entrevista a um jornal local, o candidato à reeleição para a Prefeitura de São Luís, Edivaldo Holanda Junior, tentou atribuir a mim a responsabilidade pelo estado de abandono absoluto em que se encontra a cidade. Sem forças nem aptidão para governar a capital maranhense, o atual prefeito, quatro anos depois de assumir o mandato, admite publicamente que nada fez por São Luís porque herdou um município endividado. O frágil argumento não convenceu a opinião pública. Simplesmente porque não faz sentido.

O candidato Edivaldo nada fez por São Luís porque lhe faltou pulso e competência. Trancafiado em casa, longe das questões administrativas e do cotidiano dos cidadãos, além de alheio aos muitos problemas da comunidade, o prefeito, desde o início do mandato, resolveu culpar terceiros pelo fracasso da sua administração. Eu também recebi a Prefeitura com dívidas quando assumi o mandato em 2009. Mas não me prendi a lamúrias. Fiz o dever de casa, exigi esforço da minha equipe e partimos desde os primeiros dias para resolver os problemas da população.

No primeiro ano do meu mandato, apesar das grandes dificuldades de caixa, defini prioridades e empreendi a recuperação da Avenida Santos Dumont, que estava destruída havia mais de uma década, esquecida pelo poder público. Numa das áreas mais populosas e de intenso tráfego da cidade, a avenida foi restaurada, a circulação de veículos voltou à normalidade e as atividades comerciais da região foram retomadas. Assim ocorreu com tantas outras obras – avenidas Mário Andreazza, Carlos Vasconcelos, Mauro Bezerra, Parque Vitória e Santo Antônio (Barramar), além do prolongamento da Litorânea, só pra citar algumas – e projetos importantes que ousamos entregar ao povo apenas com recursos próprios do município. E tudo isso sem qualquer apoio do Governo do Estado.

E que atitude tomou o candidato Edivaldo desde que assumiu o mandato em janeiro de 2013 na Prefeitura de São Luís, embalado por um rosário de promessas de mudança? Cuidou de trocar as lâmpadas de postes de avenidas e fazer uma limpeza nos bairros da área nobre da cidade. E só! No mais, encarregou-se o prefeito de desfazer aquilo que deixei pronto e em pleno funcionamento.

O primeiro ato do prefeito foi acabar com a Domingueira, o benefício da meia passagem que concedi para todos nos dias de domingo. Em seguida, de maneira inexplicável, acabou com o Programa do Leite, um alento que serviu de alimentação para muitas famílias com filhos em idade escolar. Acabou também com o fardamento escolar gratuito e o Programa Bom Peixe (venda de pescado de qualidade por menos da metade do preço de mercado), extinguiu a Secretaria Municipal de Segurança e abandonou o prédio do antigo BEM, que deixei reformado e pronto para abrigar boa parte da estrutura administrativa da Prefeitura.

O candidato à reeleição foi mais longe ainda. Conseguiu reduzir à quase insignificância as duas festas mais populares de São Luís: o Carnaval e o São João. Por fim, mais do que abandonar o VLT num galpão alugado pela Prefeitura, o prefeito empenhou-se nos últimos três anos em alardear que o nosso projeto do Veículo Leve sobre Trilhos - hoje um dos módulos mais funcionais, econômicos e sustentáveis adotados nas principais cidades do mundo – era uma obra de ocasião, forjada às vésperas das eleições de 2012. A desfaçatez deliberada de Edivaldo Holanda escondeu da população a verdadeira história do VLT. O projeto fora concebido ao longo de dois anos pelo engenheiro José Arthur Cabral Marques, atualmente secretário de Mobilidade Urbana do Governo do Maranhão e técnico gabaritado, de reputação insuspeitada. Ele e equipe estudaram a viabilidade do VLT para São Luís, visitaram cidades com projetos similares e chegaram ao modelo que adquirimos para a primeira linha experimental ligando o Anel Viário ao aeroporto, cortando uma área da cidade com mais de 200 mil habitantes. 

A especialidade do atual prefeito de São Luís, afora a inércia e a inaptidão para o gerenciamento público, é a desconstrução. Desconstruiu obras. Desconstruiu programas importantes de interesse público. Desconstruiu, sobretudo, a verdade. Mas não vai ser com a tentativa de inversão dos fatos em entrevistas encomendadas que ele, dono de uma candidatura que está judice, desconstruirá a história. O povo de São Luís é altaneiro e sempre soube separar o joio do trigo. A inverdade não se sobrepõe à história. 

*Deputado Federal João Castelo / PSDB-MA

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