Do blog Assim Que É
O prefeito Benedito Coroba chega ao comando de seu município natal (Itapecuru-Mirim) após uma carreira profissional como advogado e promotor público e depois de um mandato de deputado estadual na legislatura 1991-1995. Disputando a eleição com o médico Ricardo Lages, filho do principal empresário do município e irmão do deputado estadual Wendell Lages. Foi uma vitória graúda: 3.396 votos de diferença. Coroba teve 16.710 votos contra 13.314 de seu adversário.
Segue a primeira parte da entrevista, na qual o prefeito fala sobre a campanha e sobre o papel dos municípios no Brasil de hoje.
Sobre a eleição municipal em Itapecuru-Mirim
“Fui promotor de Justiça por 24 anos, até me aposentar. Em setembro de 2018, completei 24 anos de Ministério Público e 60 anos de vida. Somando com o tempo de serviço que eu tinha anteriormente, deu tempo suficiente para eu requerer minha aposentadoria e assim eu fiz”.
“Com as verbas indenizatórias que recebi deu para eu comprar este sítio e voltar para minha terra. Como promotor, passei por São João Batista, Alto Parnaíba e Vargem Grande, neste município por 14 anos”.
“Em maio de 2019, tive acesso a uma pesquisa de opinião que indicava que Júnior Marreca tinha 21 por cento e eu tinha 16 por cento. Em setembro de 2019, eu encomendei uma pesquisa. Nessa o Júnior Marreca tinha 20 e por cento e eu 17 e alguma coisa. O cenário indicava que a disputa seria entre mim e Júnior Marreca”.
“Tentei me articular com outros grupos políticos, mas isso não se concretizou. O fato de eu ter sido promotor e ter tido a atuação que eu tive assusta muita gente. Nossa campanha não tinha políticos em nosso palanque, porque os políticos estavam todos com eles”.
“Aqui todo o mundo se juntou contra mim. O Júnior Marreca e seu filho deputado federal, o grupo Lauande (que envolve também o Lages e seu filho deputado estadual), todos os ex-prefeitos, outros grupos menores e 80 por cento dos vereadores”.
“Essa união causou uma reação popular muito forte. Tanto que, a partir daí, eu passei a liderar as pesquisas. Foi uma luta difícil. Eu acompanhei todas as disputas eleitorais de 1995 até me aposentar atuando como promotor eleitoral. Tudo que eu sempre combati no Ministério Público observei aqui de forma intensificada. Tudo o que se pode imaginar de abuso de poder econômico, de abuso do poder político, de abuso de poder de comunicação, de fake news, de compra de votos (a chamada captação ilícita de sufrágios) aconteceu aqui”.
“Para se ter uma ideia, na última semana, eles ‘fecharam’ a cidade com grupos se deslocando para todos os lados e sem a gente poder sequer fiscalizar… Fiquei preocupado, desanimado, mas, para minha surpresa, ganhamos a eleição. E eles não tiveram do que reclamar, até porque todas as fraudes foram cometidas por eles. Quando o povo quer, o povo consegue. Infelizmente, se o povo quis para o Executivo, não quis para o Legislativo. Me deu uma vitória expressiva, mas só elegeu três vereadores da minha chapa. Três em 15 vereadores”.
Sobre autonomia municipal
“Nós tivemos várias mudanças com a Constituição Federal de 1988. O Município passou a ser um ente federativo, mas a situação deles permanece difícil, de pires na mão. Dependendo de subsídios de governo federal e de governo federal, de convênios, de emendas parlamentares. Não houve, como deveria, uma reforma tributária que garantisse a autonomia às municipalidades”.
“A dependência dos municípios não beneficia ninguém. Quem executa as políticas públicas é o município. A praça é do município, a reserva ambiental é do município. Tudo acontece no município. Os outros entes federados são uma ficção. Os Estados-membros são uma ficção. Eles são uma união de municípios”.
Na segunda parte da entrevista, Coroba se posiciona em relação à dicotomia esquerda-direita, trata da questão da geração de trabalho e renda, estabelece as prioridades da administração, fala das parcerias que já começou a estabelecer.
Aguardaremos a segunda parte da entrevista do blog Assim Que É e reproduziremos para nossos leitores.
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