O governo do Maranhão tinha duas decisões importantes para serem resolvidas pela presidente da Assembleia Legislativa, agora interina no Executivo Estadual: a primeira é a aprovação do sobrinho de Brandão para a vaga de Edmar Cutrim no cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e a segunda é resolver sobre o reajuste dos salários dos professores, que deverão reunir-se em Assembleia nesta quinta-feira para discutir a possibilidade de deflagarem greve geral.
Porém, a primeira acaba de ser aprovada. Após manobras, deputados aprovaram nesta quarta-feira (15) a indicação de sobrinho de Brandão ao TCE. Este é o primeiro mandatário do Estado a ter um parente consanguíneo de terceiro grau escolhido para a corte responsável, dentre outras funções de controle, por julgar as contas do próprio chefe do Palácio dos Leões.
Para evitar eventual enquadramento em improbidade por prática de nepotismo, Brandão criou uma agenda institucional fora do país, e também tirou da jogada familiar o vice-governador Felipe Camarão, em que para muitos ele não confia, deixando para a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale, assumir essas questões polêmicas.
Os educadores sofrem com salários baixos, direitos negados pelo governo que propôs para classe um reajuste salarial menor que 9%. A contraproposta seria de 14%, exatamente compatível com o aumento dado pelo governo federal ao Fundeb, pelo qual se baseiam governadores e prefeitos para reajustarem os salários dos professores. Muitos gestores já admitiram a lógica e atenderam a reivindicação dos mestres, outros como Carlos Brandão e Phil Camarão fogem da responsabilidade. Muito cômodo.
Falando sobre esse problema, um professor aposentado disse ao Blog que é habitual, mesmo tendo todos os direitos dos colegas da ativa, ficarem fora de qualquer reajuste dado à categoria. "Para corrigir tal irresponsabilidade precisamos recorrer à Justiça, que nem sempre age com a presteza que esperamos", concluiu ele.
Os educadores estaduais que fizeram campanha e votaram em Brandão e Camarão, em sua grande parte, estão revoltados com essa omissão do governador sobre o reajuste que atinge diretamente a categoria e a classe estudantil, ávida para iniciar o ano letivo e recuperar o tempo perdido provocado pela pandemia da covid-19.
Resumindo, quem deve "descascar o abacaxi" é a presidente da Assembleia Iracema Vale.
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