É hoje...!

João Batista Azevedo (Interino)


Finalmente chegamos ao dia mais importante para o Brasil nos últimos tempos. O dia da eleição. Eleição para escolha do novo presidente da República. Depois da volta das eleições diretas esta é 8ª eleição. Poucas para a estabilidade da nossa jovem democracia. Lembrando que nesse tempo tivemos duas rupturas que puseram em xeque as bases desse mesmo regime democrático – o impeachement de Fernando Collor e o mais recente, de Dilma Rousseff. Seguramente o país é outro. Muita coisa mudou. E muita coisa também não mudou. As cidades cresceram e os problemas aumentaram. Os tempos atuais estão a exigir que os nossos governantes tenham sobretudo o discernimento de governar para todos, respeitando as inúmeras minorias que se formam num país tão desigual quanto o Brasil. Essas minorias que se fazem presentes no debate nacional não são obra de nenhum partido político, antes seja de todos os governos pós período militar que passaram a respeitar e a garantir a partir da Constituição o direito de todas as minorias. Continuar a respeitar estas prerrogativas constitucionais é premissa por demais importante, sob pena do país descambar para um confronto.


O país dividido

É inegável o racha no Brasil de hoje. Dos muitos brasis que se tem, resumiu-se para estas eleições em apenas dois: os que defendem Lula, a esquerda, o PT; os que acreditam nas forças progressistas populares contra os que negam o PT, Lula, que são de direita e que não admitem a possiblidade de um novo governo de esquerda. Para estar contra toda a ideologia de esquerda, a direita mais extrema arregimentou forças e num discurso mais virulento possível, buscou na figura de um ex-capitão do Exército o seu candidato. Apesar dos xingamentos que tomou conta das campanhas de um lado e outro o segundo turno está proposto: Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, o que caracteriza ou a chegada da extrema direita ou a volta do PT ao poder. O eleitorado de Bolsonaro e de Haddad é bastante diferente. Enquanto o capitão atinge eleitores com renda familiar mensal acima de cinco salários mínimos, o petista dispara de 10% para 27% entre os que têm renda de até um mínimo. A curva dos dois também se cruza quando se fala em escolaridade. Enquanto Bolsonaro sobe de 29% para 36% entre os mais escolarizados, Haddad pula de 6% para 24% entre os menos escolarizados. Grosso modo, um é preferencialmente candidato dos “ricos com diploma” e o outro, dos “pobres e menos aquinhoados”.


A ser levado em conta (I)

Vivemos uma crise moral na política brasileira, não restam dúvidas. O argumento está colando em parte do eleitorado progressista, machucado e esgotado com uma crise que se arrasta há cinco anos. Cinco anos de crise esgota as energias de qualquer um. Por outro lado, na esteira do colapso social, a extrema direita não será o remédio para a cura de nossos problemas, principalmente se quem encabeça esse lado, traz consigo um discurso de ódio e prega a violência como resposta aos muitos dos males da sociedade. Daí o surgimento do anti-PT, o antipetismo. Mas o que seria mesmo esse antipetismo? Trata-se de um problema com o PT? Algo semelhante a uma antipatia pessoal? É o que parece. Mesmo assim a liderança de Lula, mesmo impedido de concorrer a estas eleições, esteve em evidência como líder das pesquisas. Mesmo assim a esquerda está viva. Não a esquerda socialista-comunista, mas aquela que se aproxima mais dos pobres e mais necessitados, aquela que pensa e desenvolve política de inclusão e respeito para as minorias. Neste campo Haddad e Ciro Gomes são boas opções.


A ser levado em conta (II)

Se é verdade que nem tudo na vida são flores, também podemos dizer que nem tudo são espinhos. Mesmo sendo conservadora, a transição democrática trouxe algo de bom: a mobilização de setores importantes da sociedade brasileira na crítica ao autoritarismo. Foram anos animados, com grandes atos públicos, engajamento de artistas e intelectuais, greves gerais, milhares de pessoas nas ruas. Desse clima, saíram dois partidos políticos que, cada um a seu modo, passaram a representar as demandas da sociedade civil por um país mais justo e democrático: PT e PSDB, que se tornaram os principais ocupantes do campo político progressista. Mas o que é o campo político progressista? São os grupos políticos que partem do princípio de que o Estado deve amparar o sofrimento dos mais vulneráveis, daqueles que no conflito social são mais frágeis, ou sejam, mulheres, negros e negras, comunidade LGBT e, principalmente, pessoas pobres. Do outro lado do campo progressista está o campo do atraso. O objetivo do campo do atraso é direcionar a riqueza social para uma minoria, justamente aqueles que já são mais poderosos: homens, pessoas brancas e, principalmente, ricos. Jair Bolsonaro encarna bem o candidato que muitos temem ser um retrocesso e o atraso.


Em oração...

Que Deus nos ilumine e nos proteja de todo mal seja ele de direita ou de esquerda! Que possamos decidir com clareza o nosso voto e que os eleitos sejam exemplos de homens públicos, espelhos da probidade e da decência. Bom voto a todos!

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