A FESTA DAS MATRACAS

(JP Turismo/Jornal Pequeno, ed. de 8.7.2016)
 LÁ VAI BOI (NOME DADO POR SEUS CRIADORES)
 “RASGOU A BOCA DO BALÃO”, EM RIBAMAR

 HERBERT DE JESUS SANTOS
Sem dúvida, o saudoso ex-vereador e marchante Silvestre Botão estaria todo sorrisos, pelo visto, no dia inteiro de domingo passado, em São José  de Ribamar, com milhares de participantes, locais e  de São Luís, no encontro dos bois de matraca, os que vadiavam no terreiro perto da casa dele, uma manada, aliás, na Rua da Liberdade, no raiar do dia, atendendo às suas chamadas e recebendo o cachê acertado, após sua exibição, cédula sobre cédula do seu próprio bolso. Soltando a toada Lá Vai Boi!, do repertório dos bumba, como o evento foi batizado por nós, seus criadores, os batalhões depois, na Rua Grande (Av. Gonçalves Dias), iam até na frente da igreja, subindo, pela mesma via, na outra pista,  até à Tondela, arraial da prefeitura, perto da Praça do Cruzeiro, ali, no primeiro domingo de julho de 1988, e eu diretor e matraqueiro do Boi da Madre de Deus.  Agitaram a onda do sucesso, em 2016, jornais ludovicenses, dentre os quais, o JP Turismo, Rádio Difusora (Programa Canta, Maranhão!), e Rádio Tropical, e TV Canal 8 (na cidade-balneário), etc. Subsidiaremos o surgimento de gerações de decisivos boieiros, entrevistados por mim, qual o pequeno Samuel Ribeiro Melo, filho de Bimarck Garcez Melo, e dali toda sua família.

Caíram por terra, assim, duas barrigas na Imprensa, há pouco, uma, levando a sério um nauseabundo de nome Zé Reis (não é o veterano boieiro ribamarense), que passou a propagar, no rádio, o Lá Vai Boi de Lava-Bois (lembrando o Lava-Pratos do Carnaval), na projeção de um Lava-Garfos dele, no Maiobão, no outro domingo. Só bois e secretarias da Cultura desmiolados dão amém ao pegajoso já esconjurado pelos fiéis de São José de Ribamar, de diversas congregações; e, pior para ele, estaremos numa comissão de notáveis, para auxiliar na Revitalização da Festa de Ribamar. A mídia desavisada chutou 63 anos para o Lá Vai Boi. Iam, tempos antes, em julho, nas portas da Campina e Praia do Barbosa, bois de matraca do município, e dali aos seus “viveiros”, e de zabumba, de São Luís, para Icatu, em lancha, e de orquestra, de Axixá, com o cantador Donato Alves, morador na Rua Tira-Baço (Humberto de Campos), sem nem imaginar ali a inesquecível Bela Mocidade; e de São João do Rosário, com o não menos lendário brincante Biluzinho de Amor, na 17 de Novembro.

A 28.ª edição e a insensatez contra o Boi de Maracanã — Sem Iguaíba, que não brincou este ano, contou com o Boi de Maracanã, Pindoba, Maioba,  São José dos Índios, Miritiua,  Panaquatira, Sítio do Apicum, Boi do Outeiro de Ribamar (sob nova direção, com Ribinha Silva, do qual sou padrinho de casamento —fez 31 anos de núpcias, dia 6 último— e é o filho mais velho de Ribamar Jacaré, de saudosa memória, um dos fundadores do grupo, e o ex-prefeito Ribamar Moraes, também originador). Nunca se repetirá a tristeza do de 2015 de um conjunto nativo em obstruir, com carro de som atravessado, numa sandice suicida, a passagem do Boi de Maracanã, pagando promessa e honrando a tradição, e tem rapaziada e cantador fortes (Ribinha de Maracanã, substituto à altura do querido pai, Humberto, desaparecido em 19.1.2015).

O turístico desafio dos batalhões pesados e a negação do Pai da Malhada — Se existisse a ABMI (Associação dos Bumba-Bois da Ilha), fariam dois apogeus, na Rua Grande: de manhã, quando Maracanã subisse, numa pista, às 10 horas, e Maioba descesse, na outra, se confrontariam com rajadas de toadas, batidas de pandeiro e de matraca, defronte da Praça Nicolau Sodré (um dos fundadores do Boi de Ribamar do Outeiro). Pindoba poderia vir de tarde, para, após do Parque do Folclore, defrontar-se, às 16 horas, com o Boi de Ribamar, sem a pecha de “dorminhoco” e passar, já de noite; fecharia, com ouro, o Lá Vai Boi, com um concorrente de peso, na Rua Grande; desceria numa só pista, com os cascos afiados, e incensado, no Buião, onde olhos ansiosos esperam dele um  competidor. Não pode ser “Pai da Malhada”, quem não acha nenhum boi para ser! Chegado das lideranças dos galheiros, vou propor a ideia a cada um, enquanto a ABMI não vem de novo, a que uma lazeira apelidada “Terra de Cemitério” finalizou, quando se apossou do Parque do Folclore da Vila Palmeira, em 1998, na usura de ter, até ser expulso, em 2015, pelo governador Flávio Dino.

O Batalhão da Madre de Deus que rasgava a boca do balão — Valia o quanto pesava, realmente, no Lá Vai Boi, com toadas de Mané Onça, e esta de pique, de Zé Paú: “Estou ouvindo comentário, na Ilha do Maranhão,/que o Boi da Madre Deus está chegando!/É minha alegria, é minha paixão,/viver, na Ilha, cantando boi pra São João!/Os ofendidos começam a falar mal de mim!/Uns me chamam de feio, outros de ruim!/Eu faço cantador morrer de coração,/depois solto foguete/e rasgo a boca do balão”! Ou seja, os dois últimos versos, na minha mais fidedigna tradução: Foi exitosa a presença, merece felicitações! 

Parque do Folclore Silvestre Botão teria mais honra ao mérito Nada pessoal contra a memória de D. Terezinha Jânsen, que nomeou o Parque do Folclore de Ribamar, e fez um trabalho precioso em São Luís, no Boi de Zabumba da Fé em Deus, sucedendo, muito nova, no comando da brincadeira, ao legendário cantador Lorentino, a pedido deste, além de no tambor de crioula do mesmo bairro; e teve participação importante em cortejos de São José de Ribamar. Silvestre Botão, no meu 16.º livro (um dos ainda inéditos, Os Chegados de João Mia Gata e Boi da Lua em Riba do Mar), era devoto numa procissão de bumba-bois de matraca, atrás, com carrinho de mão cheio de litros de cachaça, água mineral, conhaque e refrigerante de graça; na festa da morte dos bois, na do da Madre de Deus, por minha solicitação, ajudava na comedoria, com quartos da rês bovina, conduzidos por ele, em seu caminhão, na sede da brincadeira. O Parque do Folclore seria mais do tamanho de Silvestre Botão, e autoridades fariam melhor justiça, com D. Terezinha, ela em espaço relacionado à Festa de Ribamar. Os excelentíssimos vereadores poderiam examinar a procedência.    

A Empresa Volante do folclorista Manuel Bulhões (Bala) — A vereança analisaria ainda uma homenagem (placa), numa pracinha, na adjacência da sede do Boi de Ribamar, no Outeiro, a Manuel Bulhões (Bala), ele que botava agremiações carnavalescas (tribo e blocos infantis) e boi de crianças, que viabilizou, com sua inscrição, o registro do boi de matraca maior, na Maratur e Cultura do Estado; o gracioso comunitário era dono da “Empresa Volante”, simplesmente, uma banca de bombons, com alça ao pescoço, “Para suavizar o hálito”, vendidos em bailes e no Cine Ribamar; o Espaço Cultural (com sede e quadra de ensaio e festa da morte do boi, ali) será Ribamar Moraes (Ribamar Prefeito), insuperável na nascença do Boi do Outeiro e na cessão, para a construção da sede dele, em 1974. A César, o que é de César, a Deus, o que é Dele!

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